Lua
Ah, Hécate, no desvelar da lua
A noite obscura encobre o sombrio segredo
Do poder oculto e fugidio do aparecer
Na noite eterna que encobre em mistério
Soturna e lúgubre a verdade esquecida
Entre memórias há muito perdidas e apodrecidas
Do que se tem como a luz que emana de ti
Vendo agora, no clarão sombrio
Da noite que engole o Ser e o Mundo
E seu Abismo de negrume e Nada
Somos tragados adentro da magia da deusa
Hécate, nos abençoe e fortaleça
Seu glóbulo ocular entre-nuvens
Disperso porém presente, vívido porém evanescente
Somos reféns de ti nas noites de glória
Ao grande Sabá cósmico à Máquina Tanatoerótica
De Nosso Senhor Dioniso, expressão viva
Da tripartite de seu do rito profano
Deus coroado das terras da Frígia
Gerado, destroçado e germinado
Para ascender do Abismo da destruição
Delirante de alegria orgástica em seu ato de Sacrifício
E pela máxima diabólica da transgressão
Lhe solicitamos a benção, ó deusa da lua e da bruxaria
Pelo poder contundente de nossa violenta Vontade
Em impor aos impostores a imposição a ser imposta
E impregnar suas narinas com o odor de nosso suor
Da luta para cruzar o limiar da escuridão
Ó Hécate, senhora do ponto luminoso
No meio do imenso abismo cósmico
Que protege a fronteira entre a Nix e Érebo,
A Noite e as Trevas
Tu, lua, dama promíscua, minha Lilith
Rainha da feitiçaria, bruxa mesopotâmica
Deusa Mãe cruel, Ishtar, Astarte
Ó, esfera lívida despontando no céu estrelado
A ti consagro essa prece e canto
Senhora dos labirintos e das encruzilhadas
Seus caminhos se confundem com os bairros conflituosos
Do covil das núpcias antinatureza
Entre homem e deus
Besta maldita e cornuda no centro do dédalo do pensamento
Encurralado nas terras de Creta
As chaves do mistério da noite tu guarda, Ó Hécate
Deusa profana dos ritos escusos
Banhe sobre nós a luz de sua esfera brilhante
Cuja intuição abunda e não permite ser obnubilada
Nos guardando das maldições e malefícios
Dos espíritos zombeteiros e da confusão
Que o grande Abismo acima guarda
Em profundo silêncio e segredo
De nós, hoje e por todas as noites
Em que seu olho sinistro
Nos observar do céu cósmico
Amém
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