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Futuro
Todos sabem seu nome, mas ninguém lhe conhece. Todos argumentam, pensam, conjecturam sobre o que é você, mas ninguém nunca lhe viu, somente quando já não era mais você. Você sempre será uma coisa estranha para nós, um enigma de Esfinge que nem mesmo Édipo decifra. A cada momento um de nós lhe dá um valor e sentido, mas você muda, como se não aceitasse ser o que os outros estabelecem para tua essência. Você é difícil de ver: fosca, concava, escura, nublada onde, mesmo os mais habilidosos de nós em resolver charadas não conseguem montar o quebra-cabeças completo. Você se serve de suas duas irmãs mais velhas para existir, mas de longe é a mais misteriosa - pois, a primogênita nos acompanha na mente e nas cicatrizes e a irmã do meio está conosco o tempo todo. No final das contas vocês são uma só e mesma coisa - vocês irmãs - uma interferindo na vida da outra. Entretanto você é a irmã mais importante pois sem você não há aqueles dois sentimentos tão importantes em nossas vidas e que mudam tudo em nossa percepção das coisas: o desespero e a esperança. Você é a força legislativa do mundo e, como júri, juiz e executora estabelece finalmente o que é melhor ou pior para cada um de nós. Você está sempre para além de nós e mesmo que a alcancemos estará sempre um passo a frente. Correr até você é um desperdício pois estaremos correndo contra você, pois você vem tão somente quando e como quer. Você traz Sol, traz Lua, traz guerra e traz paz, e nós nos alegramos ou nos angustiamos em esperar pelo presente ou pela trapaça que você nos trará. Ninguém sabe sobre você de verdade e todos pensam saber. No fundo, por sua completa incoerência como amiga, guardamos de você apenas a fé de ser carinhosa e gentil e desejamos tirar-lhe o melhor quando você vem.
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