Tragicomédia

Dois Sátiros de Peter Paul Rubens, 1618-1619.

A vida tem a verdadeira capacidade de te fazer rir. Por ser engraçada? Nem um pouco — por ser patética. Decepcionante em todos os aspectos, com toda a certeza, mas nada que faça-se digna de lamento. É essencialmente o caráter tragicômico da vida que a torna tão ridícula. Quando constantemente se coloca em contraposição com nossos planos, fazendo os mais suscetíveis quebrarem, a vida mostra que nada mais é do que manutenção de expectativas. Coisa simples de se lidar. Não é uma receita milagrosa ou coisa atoa que se descobre do dia pra noite — na verdade demora tempo para perceber. O que só deixa mais evidente o fato de que toda tristeza e dor sem sentido já espalhada por esse mundo nada mais é do que uma piada. Mas em momento algum quero ser tomado por um pessimista, ou um sarcástico que dá outra coisa a entender por suas palavras. Eu amo essa vida, e o que mais amo nela é o fato de ser tão excêntrica. Mas eu não quero que vocês passem a ver a vida assim agora. Não quero que vocês amem a vida ainda. A maioria das pessoas não está pronta para rir da vida. É primeiro necessário chorar pela vida para se poder entender a piada.