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Nuit
Olho para as estrelas
Completamente irresoluto
Inquieto em minha angústia humana
Preso em meu castelo recluso
De solidão mundana
Ao contrário do que se pensa comumente
O abismo não está abaixo
Mas acima e no céu infinito
Longe de toda essa gente
Em que se distingue tudo por um fino estrato
De aberto espaço
Deixando restar de mim como ser sociável
Somente um resquício
E ao fitá-lo entrego todo meu espírito
À liberdade fosca e obscura
Do vazio aberto ao qual me
entrego
Fazendo-me vazar pela fresta aberta
De tal grande noite escura
Sendo pressionado como o prego
pelo martelo
Gerado por um sem-sentido absurdo
Que não fala comigo como se me faltasse
Coisa alguma em meu canto recluso
Mas como uma lua cheia que ilumina
O tecido celeste de negrume
Pontilhado por pequenos astros longínquos
Vislumbro, como uma luz ao fim do
túnel
Como o mais intenso lume
Ao qual minha ínfima vida se
destina
Objetivos e planos que se veem
contíguos
E que somente aguardam que desponte
ao longe
A aurora de um novo dia brilhante
E bote fim à noite lúgubre
Mas que à qual tanto me afeiçoei com seu brilho de bronze
Sinceramente confesso, que da noite
não desejo, em suma
Aquele triste “Adeus! De ti me
despeço”
Mas sim, como numa história infantil se conte
Se retorne sempre quando possível
Quando me apraz na minha
tenra melancolia
De modo que me refaço ao seu sodalício
Esta bela lua com seus astros circundantes
Sempre na clareira tardia
Com sua amizade reconfortante
Que o Sol, com todo seu resplendor
visível
Nunca foi capaz de meu profundo interior
compor
Portanto é a dama da noite que busco
E a lua, com sua com sua emanação, é a única que minha energia
É capaz de repor
Quando um conselho anseio
Quando perdido me encontro
E de mim mesmo me vejo alheio
E que nunca vi tamanha beleza na aurora do despertar do dia
É à noite, das bruxas e do diabo
Que estou sempre inclinado
Pela profanação do sagrado
E pela entrega ao pecado
Pela criação da eterna fantasia
Na grande arte milenar da proibida magia
Que eu seja queimado em alguma
fogueira
Como um herege pela moralidade
cristã
De uma iconoclastia de sacros ídolos
Ou perversão pagã
A mim não importa
Somente que se
abra a porta
Do eterno fluxo de vida
Pulsante, movente
De um prazer infinitamente
constante
Em me deleitar por todos os gozos
que esta Terra finita
Tem a me proporcionar
Pagão que sou, me nego ao Deus do
exclusivo
Uma birra de criança mimada
Eu que considero Deus uma criança educada
Deus cuja moral se assenta no que lhe é divertido
Que sabe brincar e dividir os
brinquedos
Com seus irmãos outros deuses
Brincalhão
Trapalhão
Mas que estes estejam completamente cientes
De sua finitude como divindades
Pois a eles tão somente depende a nós
Assim como tudo o que lhes dados, como nosso último tostão
Todo o cambão de seu estatuto de potestade
Resta a nós, humanos, a responsabilidade
Que se encontrem inteirados
Que caso não queiramos mais
Seu reinado há de findar
Mas quão bom é para o homem idolatrar
Um 'quê' de idealidade
Como é bom para o homem ter algo pelo que orar
Ter um 'por que?' na divindade
Somente quando não mais outra
alternativa nos restar
De todos os deuses iremos podar
Mas ainda não é tempo
Para isso o homem maduro deve
estar
Contudo para tanto não deve
tardar
Mas enquanto a hora não chegar
Desejo eu, como humano que sou
À glória do infinito noturno
homenagem prestar
Como até agora tenho feito
Que seu poder seja o que eleva
meu ensejo
Que sua glória seja minha
oportunidade
Que seja eu seu grande eleito
Que me seja dada toda
grandiosidade
Pois este é meu desejo
Pois esta é minha vontade
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