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Destaques

Lua

Hécate, deusa grega das encruzilhadas, por Stéphane Mallarmé, 1880. Ah, Hécate, no desvelar da lua A noite obscura encobre o sombrio segredo Do poder oculto e fugidio do aparecer  Na noite eterna que encobre em mistério Soturna e lúgubre a verdade esquecida Entre memórias há muito perdidas e apodrecidas Do que se tem como a luz que emana de ti  Vendo agora, no clarão sombrio  Da noite que engole o Ser e o Mundo  E seu Abismo de negrume e Nada Somos tragados adentro da magia da deusa Hécate, nos abençoe e fortaleça Seu glóbulo ocular entre-nuvens  Disperso porém presente, vívido porém evanescente Somos reféns de ti nas noites de glória Ao grande Sabá cósmico à Máquina Tanatoerótica  De Nosso Senhor Dioniso, expressão viva Da tripartite de seu do rito profano  Deus coroado das terras da Frígia  Gerado, destroçado e germinado  Para ascender do Abismo da destruição  Delirante de alegria orgástica em seu ato de Sacrifício   E pela m...

Autopoiése


Narcissus de Caravaggio, 1594-96

Pouco me importa o amor da bela dama

Não me interessa cavalheirismo 

Tudo o que me interessa é que a mim mesmo 

Arda na minha própria chama 

E como que levado por um importantíssimo 

Imperativo do espírito autodidata 

Fundamentalmente narcísico 

Eu veja na mulher desejada 

Somente semente e gérmen 

Para minha obra a ser criada 

A paixão nada mais é do que terreno e adubo 

Para um campo de grande cultivo ao qual me entrego 

Em minha solidão completamente povoada 

Da diva, de Deus, de outrem e dos espíritos que povoam 

Minha mente sempre e completamente atormentada 

Sou homem, portanto não desejo nada mais do que me fazer 

Um com a divindade que me guarda 

O estatuto que infimamente se assenta em meu coração 

Como por um destino sempre tênue da arte 

Que pode ser rompido nesse e frágil cordão 

Do homem com o etéreo empíreo 

De um mundo que alça sua fabulosa imaginação 

Mas que não cessa em nenhum momento 

De satisfazer-se com o simples e mundano empírico 

Sobretudo me faço obreiro de estrelas 

Num berçário de criações divinamente concebidas 

E cuja mulher do meu desejo tão somente é a parteira 

Do abismo de sem-sentido povoado que se encontra nas veredas 

Perdidas, imbricadas de meu espírito problemático 

Complexo, perplexo, imbricado na esteira de uma constante produção 

Que faz de mim um ser autopoiético 

Em constante modelagem em argamassa

Infindável criação e recriação 

Cuja alma tem sempre o caráter de um deus poético 

Me inspirando não tão somente pela mais valia da paixão 

Mas de tudo o que vem do animal homem de sua maldita raça

O qual eu roubo e assalto para meu uso particular 

Sem sequer me importar com o que vão pensar 

De tudo isso que eu tomo para sempre algo de novo

Criar

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