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Destaques

Lua

Hécate, deusa grega das encruzilhadas, por Stéphane Mallarmé, 1880. Ah, Hécate, no desvelar da lua A noite obscura encobre o sombrio segredo Do poder oculto e fugidio do aparecer  Na noite eterna que encobre em mistério Soturna e lúgubre a verdade esquecida Entre memórias há muito perdidas e apodrecidas Do que se tem como a luz que emana de ti  Vendo agora, no clarão sombrio  Da noite que engole o Ser e o Mundo  E seu Abismo de negrume e Nada Somos tragados adentro da magia da deusa Hécate, nos abençoe e fortaleça Seu glóbulo ocular entre-nuvens  Disperso porém presente, vívido porém evanescente Somos reféns de ti nas noites de glória Ao grande Sabá cósmico à Máquina Tanatoerótica  De Nosso Senhor Dioniso, expressão viva Da tripartite de seu do rito profano  Deus coroado das terras da Frígia  Gerado, destroçado e germinado  Para ascender do Abismo da destruição  Delirante de alegria orgástica em seu ato de Sacrifício   E pela máxima diabólica da transgressão Lhe solicitamos a benção, ó

O Riso

 


Rembrandt rindo, de Rembrandt, 1628

Existem algumas coisas muito piores do que a morte

Estar entregue à própria sorte

Sem que nada no mundo conforte

O peso de uma antiga maldição

De infinita podridão

Da sua própria solidão 

 

Muitos julgam enfrentar demônios subjetivos 

Mas poucos do diabo são literalmente cativos

Quando na profunda depressão se veem engolidos

E naquela alcova de desespero

No poço de loucura que a sanidade vê seu exaspero

As moscas do demônio zumbem: você é seu próprio impróspero

 

Mas no meio de todo esse ar de desastre

Você encontra força para um massacre

De perniciosas mosquinhas e toda sua intenção ao alastre

Fogo e aço é da minha vontade

Que com ela surge uma necessidade

Instintiva que toda podridão da alma combate

 

Triste, na verdade, foi o filósofo

Que neste grande afeto não depositou seu negócio

Que põe fim a todo passivo solilóquio

Seu nome é Esperança

E nessa porca lambança

Com toda sua força ela finca sua lança

 

Se pelo destino me foi dado

Um certo caminho designado

Mesmo que o rumo seja surrado e maltratado

Não verei, portanto, nunca mais o demônio de minhas desgraças usufruir

Se toda vez que tropeçar, sorrir ao cair

E de toda a vida, com alegria cortante, passar a rir

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